quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Que definição se pode dar dos Espíritos?
“Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o
Universo, fora do mundo material.”
Os Espíritos são seres distintos da Divindade, ou serão simples emanações ou
porções desta e, por isto, denominados filhos de Deus?
“Meu Deus! São obra de Deus, exatamente qual a máquina o é do homem que a
fabrica. A máquina é obra do homem, não é o próprio homem. Sabes que, quando faz
alguma coisa bela, útil, o homem lhe chama sua
filha, criação sua. Pois bem! O mesmo se dá com relação a Deus: somos Seus filhos, pois
que somos obra Sua.”
Os Espíritos tiveram princípio, ou existem, como Deus, de toda a eternidade?
“Se não tivessem tido princípio, seriam iguais a Deus, quando, ao invés, são criação
Sua e se acham submetidos à Sua vontade. Deus existe de toda a eternidade, é
incontestável. Quanto, porém, ao modo porque nos criou e em que momento o fez, nada
sabemos. Podes dizer que não tivemos princípio, se quiseres com isso significar que, sendo
eterno, Deus há de ter sempre criado ininterruptamente. Mas, quando e como cada um de
nós foi feito, repito-te, nenhum o sabe: aí é que está o mistério.”
Pois que há dois elementos gerais no Universo: o elemento inteligente e o
elemento material, poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente,
como os corpos inertes o são do elemento material?

“Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como
os corpos são a individualização do princípio material. A época e o modo por que essa
formação se operou é que são desconhecidos.”
A criação dos Espíritos é permanente, ou só se deu na origem dos tempos?
“É permanente. Quer dizer: Deus jamais deixou de criar.”
Os Espíritos têm fim?
“Há muitas coisas que não compreendeis, porque tendes limitada a inteligência.
Isso, porém, não é razão para que as repilais. O filho não compreende tudo o que a seu pai é
compreensível, nem o ignorante tudo o que o sábio apreende. Dizemos que a existência dos
Espíritos não tem fim. É tudo o que podemos, por agora, dizer.”
Os Espíritos constituem um mundo à parte, fora daquele que vemos?
“Sim, o mundo dos Espíritos, ou das inteligências incorpóreas.”
Qual dos dois, o mundo espírita ou o mundo corpóreo, é o principal, na ordem
das coisas?

“O mundo espírita, que preexiste e sobrevive a tudo.”
Ocupam os Espíritos uma região determinada e circunscrita no espaço?
“Estão por toda parte. Povoam infinitamente os espaços infinitos. Tendes muitos
deles de contínuo a vosso lado, observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes,
pois que os Espíritos são uma das potências da Natureza e os instrumentos de que Deus se
serve para execução de Seus desígnios providenciais. Nem todos, porém, vão a toda parte,
por isso que há regiões interditas aos menos adiantados.”
Os Espíritos têm forma determinada, limitada e constante?
“Para vós, não; para nós, sim. O Espírito é, se quiserdes, uma chama, um clarão, ou
uma centelha etérea.”
Essa chama ou centelha tem cor?
“Tem uma coloração que, para vós, vai do colorido escuro e opaco a uma cor
brilhante, qual a do rubi, conforme o Espírito é mais ou menos puro.”
Os Espíritos gastam algum tempo para percorrer o espaço?
“Sim, mas fazem-no com a rapidez do pensamento.”
a) - O pensamento não é a própria alma que se transporta?
“Quando o pensamento está em alguma parte, a alma também aí está, pois que é a
alma quem pensa. O pensamento é um atributo.”
A matéria opõe obstáculo ao Espírito?
“Nenhum; eles passam através de tudo. O ar, a terra, as águas e até mesmo o fogo
lhes são igualmente acessíveis.”
Têm os Espíritos o dom da ubiqüidade? Por outras palavras: um Espírito pode
dividir-se, ou existir em muitos pontos ao mesmo tempo?

“Não pode haver divisão de um mesmo Espírito; mas, cada um é um centro que
irradia para diversos lados. Isso é que faz parecer estar um Espírito em muitos lugares ao
mesmo tempo. Vês o Sol? É um somente. No entanto, irradia em todos os sentidos e leva
muito longe os seus raios. Contudo, não se divide.”
Todos os Espíritos irradiam com igual força?
“Longe disso. Essa força depende do grau de pureza de cada um.”
Os Espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos que se
melhoram?
“São os próprios Espíritos que se melhoram e, melhorando-se, passam de uma
ordem inferior para outra mais elevada.”
Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus?
“Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um
deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente
à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que
eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas
que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam
submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a
suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da
perfeição e da prometida felicidade.”
Segundo o que acabais de dizer, os Espíritos, em sua origem, seriam como as
crianças, ignorantes e inexperientes, só adquirindo pouco a pouco os conhecimentos de
que carecem com o percorrerem as diferentes fases da vida?

“Sim, a comparação é boa. A criança rebelde se conserva ignorante e imperfeita. Seu
aproveitamento depende da sua maior ou menor docilidade. Mas, a vida do homem tem
termo, ao passo que a dos Espíritos se prolonga ao infinito.”
Haverá Espíritos que se conservem eternamente nas ordens inferiores?
“Não; todos se tornarão perfeitos. Mudam de ordem, mas demoradamente,
porquanto, como já doutra vez dissemos, um pai justo e misericordioso não pode banir seus
filhos para sempre. Pretenderias que Deus, tão grande, tão bom, tão justo, fosse pior do que
vós mesmos?”
Podem os Espíritos degenerar?
“Não; à medida que avançam, compreendem o que os distanciava da perfeição.
Concluindo uma prova, o Espírito fica com a ciência que daí lhe veio e não a esquece. Pode
permanecer estacionário, mas não retrograda.”
Não podia Deus isentar os Espíritos das provas que lhes cumpre sofrer para
chegarem à primeira ordem?

“Se Deus os houvesse criado perfeitos, nenhum mérito teriam para gozar dos
benefícios dessa perfeição. Onde estaria o merecimento sem a luta? Demais, a desigualdade
entre eles existente é necessária às suas personalidades. Acresce ainda que as missões que
desempenham nos diferentes graus da escala estão nos desígnios da Providência, para a
harmonia do Universo.”
Por que é que alguns Espíritos seguiram o caminho do bem e outros o do mal?
“Não têm eles o livre-arbítrio? Deus não os criou maus; criou-os simples e
ignorantes, isto é, tendo tanta aptidão para o bem quanta para o mal. Os que são maus,
assim se tornaram por vontade própria.”
Como podem os Espíritos, em sua origem, quando ainda não têm consciência
de si mesmos, gozar da liberdade de escolha entre o bem e o mal? Há neles algum
princípio, qualquer tendência que os encaminhe para uma senda de preferência a outra?

“O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si
mesmo. Já não haveria liberdade, desde que a escolha fosse determinada por uma
causa independente da vontade do Espírito. A causa não está nele, está fora dele, nas
influências a que cede em virtude da sua livre vontade. É o que se contém na grande figura
emblemática da queda do homem e do pecado original: uns cederam à tentação, outros
resistiram.”
a) Donde vêm as influências que sobre ele se exercem?
“Dos Espíritos imperfeitos, que procuram apoderar-se dele, dominá-lo, e que
rejubilam com o fazê-lo sucumbir. Foi isso o que se intentou simbolizar na figura de
Satanás.”
Por que há Deus permitido que os Espíritos possam tomar o caminho do mal?
“Como ousais pedir a Deus contas de Seus atos? Supondes poder penetrar-lhe os
desígnios? Podeis, todavia, dizer o seguinte: A sabedoria de Deus está na liberdade de
escolher que Ele deixa a cada um, porquanto, assim, cada um tem o mérito de suas obras.”
Os Espíritos que enveredaram pela senda do mal poderão chegar ao mesmo
grau de superioridade que os outros?
“Sim; mas as eternidades lhes serão mais longas.”

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