terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Têm as plantas consciências de que existem?
“Não, pois que não pensam; só têm vida orgânica.”
Experimentam sensações? Sofrem quando as mutilam?
“Recebem impressões físicas que atuam sobre a matéria, mas não têm percepções.
Conseguintemente, não têm a sensação da dor.”
Nos mundos superiores, as plantas são de natureza mais perfeita, como os
outros seres?

“Tudo é mais perfeito. As plantas, porém, são sempre plantas, como os animais
sempre animais e os homens sempre homens.”
Se, pelo que toca à inteligência, comparamos o homem e os animais, parece
difícil estabelecer-se uma linha de demarcação entre aquele e estes, porquanto alguns animais mostram, sob esse aspecto, notória superioridade sobre certos homens. Pode essa linha de demarcação ser estabelecida de modo preciso?

“A este respeito é completo o desacordo entre os vossos filósofos. Querem uns que
o homem seja um animal e outros que o animal seja um homem. Estão todos em erro. O
homem é um ser à parte, que desce muito baixo algumas vezes e que pode também elevarse
muito alto. Pelo físico, é como os animais e menos bem dotado do que muitos destes. A
Natureza lhes deu tudo o que o homem é obrigado a inventar com a sua inteligência, para
satisfação de suas necessidades e para sua conservação. Seu corpo se destrói, como o dos
animais, é certo, mas ao seu Espírito está assinado um destino que só ele pode
compreender, porque só ele é inteiramente livre. Pobres homens, que vos rebaixais mais do
que os brutos! Não sabeis distinguir-vos deles? Reconhecei o homem pela faculdade de
pensar em Deus.”
Poder-se-á dizer que os animais só obram por instinto?
“Ainda aí há um sistema. É verdade que na maioria dos animais domina o instinto.
Mas, não vês que muitos obram denotando acentuada vontade? É que têm inteligência,
porém limitada.”
Têm os animais alguma linguagem?
“Se vos referis a uma linguagem formada de sílabas e palavras, não. Meio, porém,
de se comunicarem entre si, têm. Dizem uns aos outros muito mais coisas do que imaginais,
Mas, essa mesma linguagem de que dispõem é restrita às necessidades, como restritas
também são as idéias que podem ter.”
Gozam de livre-arbítrio os animais, para a prática dos seus atos?
“Os animais não são simples máquinas, como supondes. Contudo, a liberdade de
ação, de que desfrutam, é limitada pelas suas necessidades e não se pode comparar à do
homem. Sendo muitíssimo inferiores a este, não têm os mesmos deveres que ele. A
liberdade, possuem-na restrita aos atos da vida material.”
Pois que os animais possuem uma inteligência que lhes faculta certa liberdade
de ação, haverá neles algum princípio independente da matéria?

“Há e que sobrevive ao corpo.”
Será esse princípio uma alma semelhante à do homem?
“É também uma alma, se quiserdes, dependendo isto do sentido que se der a esta
palavra. É, porém, inferior à do homem. Há entre a alma dos animais e a do homem
distância equivalente à que medeia entre a alma do homem e Deus.”
Após a morte, conserva a alma dos animais a sua individualidade e a
consciência de si mesma?

“Conserva sua individualidade; quanto à consciência do seu eu, não. A vida
inteligente lhe permanece em estado latente.”
À alma dos animais é dado escolher a espécie de animal em que encarne?
“Não, pois que lhe falta livre-arbítrio.”
Sobrevivendo ao corpo em que habitou, a alma do animal vem a achar-se,
depois da morte, nem estado de erraticidade, como a do homem?

“Fica numa espécie de erraticidade, pois que não mais se acha unida ao corpo, mas
não é um Espírito errante. O Espírito errante é um ser que pensa e obra por sua livre
vontade. De idêntica faculdade não dispõe o dos animais. A consciência de si mesmo é o
que constitui o principal atributo do Espírito. O do animal, depois da morte, é classificado
pelos Espíritos a quem incumbe essa tarefa e utilizado quase imediatamente. Não lhe é dado
tempo de entrar em relação com outras criaturas.”
Os animais estão sujeitos, como o homem, a uma lei progressiva?
“Sim; e daí vem que nos mundos superiores, onde os homens são mais adiantados,
os animais também o são, dispondo de meios mais amplos de comunicação. São sempre,
porém, inferiores ao homem e se lhe acham submetidos, tendo neles o homem servidores
inteligentes.”
Os animais progridem, como o homem, por ato da própria vontade, ou pela
força das coisas?

“Pela força das coisas, razão por que não estão sujeitos à expiação.”
Nos mundos superiores, os animais conhecem a Deus?
“Não. Para eles o homem é um deus, como outrora os Espíritos eram deuses para o
homem.”
A inteligência é então uma propriedade comum, um ponto de contacto entre a
alma dos animais e a do homem?

“É, porém os animais só possuem a inteligência da vida material. No homem, a
inteligência proporciona a vida moral.”
Donde tiram os animais o princípio inteligente que constitui a alma de
natureza especial de que são dotados?

“Do elemento inteligente universal.”
Então, emanam de um único princípio a inteligência do homem e a dos
animais?

“Sem dúvida alguma, porém, no homem, passou por uma elaboração que a coloca
acima da que existe no animal.”
Dissestes (190) que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde
ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?

“Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”
Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio
inteligente dos seres inferiores da criação, não?
“Já não dissemos que todo em a Natureza se encadeia e tende para a unidade?
Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se
elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de
dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do
qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no
período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do
mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da
adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há
de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido
fetos informes nas entranhas que os geraram? Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é
a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos
desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo.
Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário
na Natureza. Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres
inteligentes sem futuro, fora blasfemar da Sua bondade, que se estende por sobre todas as
suas criaturas.”
Esse período de humanização principia na Terra?
“A Terra não é o ponto de partida da primeira encarnação humana. O período da
humanização começa, geralmente, em mundos ainda inferiores à Terra. Isto, entretanto, não
constitui regra absoluta, pois pode suceder que um Espírito, desde o seu início humano,
esteja apto a viver na Terra. Não é freqüente o caso; constitui antes uma exceção.”

O Espírito do homem tem, após a morte, consciência de suas existências ao
período de humanidade?

“Não, pois não é desse período que começa a sua vida de Espírito. Difícil é mesmo
que se lembre de suas primeiras existências humanas, como difícil é que o homem se
lembre dos primeiros tempos de sua infância e ainda menos do tempo que passou no seio
materno. Essa a razão por que os Espíritos dizem que não sabem como começaram.”

Ter-se-ão enganado os Espíritos que disseram constituir o homem um ser à
parte na ordem da criação?

“Não, mas a questão não fora desenvolvida. Demais, há coisas que só a seu tempo
podem ser esclarecidas. O homem é, com efeito, um ser à parte, visto possuir faculdades
que o distinguem de todos os outros e ter outro destino. A espécie humana é a que Deus
escolheu para a encarnação do seres que podem conhecê-Lo.”

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