quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Unindo-se ao corpo, o Espírito se identifica com a matéria?
“A matéria é apenas o envoltório do Espírito, como o vestuário o é do corpo.
Unindo-se a este, o Espírito conserva os atributos da natureza espiritual.”
Após sua união com o corpo, exerce o Espírito, com liberdade plena, suas
faculdades?

“O exercício das faculdades depende dos órgãos que lhes servem de instrumento. A
grosseria da matéria as enfraquece.”
Assim, o invólucro material é obstáculo à livre manifestação das faculdades do
Espírito, como um vidro opaco o é à livre irradiação da luz?

“É, como vidro muito opaco.”
O livre exercício das faculdades da alma está subordinado ao desenvolvimento
dos órgãos?
“Os órgãos são os instrumentos da manifestação das faculdades da alma,
manifestação que se acha subordinada ao desenvolvimento e ao grau de perfeição dos
órgãos, como a excelência de um trabalho o está à da ferramenta própria à sua execução.”
Da influência dos órgãos se pode inferir a existência de uma relação entre o
desenvolvimento dos do cérebro e o das faculdades morais e intelectuais?

“Não confundais o efeito com a causa. O Espírito dispõe sempre das faculdades que
lhe são próprias. Ora, não são os órgãos que dão as faculdades, e sim estas que
impulsionam o desenvolvimento dos órgãos.”
Dever-se-á deduzir daí que a diversidade das aptidões entre os homens deriva
unicamente do estado do Espírito?

“O termo - unicamente - não exprime com toda a exatidão o que ocorre. O princípio
dessa diversidade reside nas qualidades do Espírito, que pode ser mais ou menos adiantado.
Cumpre, porém, se leve em conta a influência da matéria, que mais ou menos lhe cerceia o
exercício de suas faculdades.”
Nota:
Encarnado, traz o Espírito certas predisposições e, se se admitir que a cada uma
corresponda no cérebro um órgão, o desenvolvimento desses órgãos será efeito e não causa.
Se nos órgãos estivesse o princípio das faculdades, o homem seria máquina sem livrearbítrio
e sem a responsabilidade de seus atos.
Tem algum fundamento o pretender-se que a alma dos cretinos e dos idiotas é
de natureza inferior?

“Nenhum. Eles trazem almas humanas, não raro mais inteligentes do que supondes,
mas que sofrem da insuficiência dos meios de que dispõem para se comunicar, da mesma
forma que o mudo sofre da impossibilidade de falar.”
Que objetivo visa a providência criando seres desgraçados, como os cretinos e
os idiotas?

“Os que habitam corpos de idiotas são Espíritos sujeitos a uma punição. Sofrem por
efeito do constrangimento que experimentam e da impossibilidade em que estão de se
manifestarem mediante órgãos não desenvolvidos ou desmantelados.”
a) - Não há, pois, fundamento para dizer-se que os órgãos nada influem sobre as
faculdades?

“Nunca dissemos que os órgãos não têm influência. Têm-na muito grande sobre a
manifestação das faculdades, mas não são eles a origem destas. Aqui está a diferença. Um
músico excelente, com um instrumento defeituoso, não dará a ouvir boa música, o que não
fará que deixe de ser bom músico.”
O desorganizado é sempre o corpo e não o Espírito?
“Exatamente; mas, convém não perder de vista que, assim como o Espírito atua
sobre a matéria, também esta reage sobre ele, dentro de certos limites, e que pode acontecer
impressionar-se o Espírito temporariamente com a alteração dos órgãos pelos quais se
manifesta e recebe as impressões. Pode mesmo suceder que, com a continuação, durando
longo tempo a loucura, a repetição dos mesmos atos acabe por exercer sobre o Espírito uma
influência, de que ele não se libertará senão depois de se haver libertado de toda impressão
material.”
Por que razão a loucura leva o homem algumas vezes ao suicídio?
“O Espírito sofre pelo constrangimento em que se acha e pela impossibilidade em
que se vê de manifestar-se livremente, donde o procurar na morte um meio de quebrar seus
grilhões.”
Qual será o mérito da existência de seres que, como os cretinos e os idiotas,
não podendo fazer o bem nem o mal, se acham incapacitados de progredir?

“É uma expiação decorrente do abuso que fizeram de certas faculdades. É um
estacionamento temporário.”

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